Uma pequena lição sobre paciência e
compaixão!
Um dia desses, eu estava voltando pra casa depois de duas aulas de Personal Yoga, era um “dia daqueles”, estava cansada e irritada. Minhas alunas moram no centro da cidade, fui à casa de uma e depois caminhei até a próxima aluna, o centro estava lotado, parecia que naquele dia em especial as calçadas estavam muito pequenas pra tanta gente. Os carros, o barulho, as pessoas andando rápidas e cabisbaixas, e o cansaço tinham me deixado sem energia, e ainda por cima eu teria que voltar pra casa de ônibus e dar mais duas aulas! Nossa realmente eu não estava bem...
Chegando à parada de ônibus, achei um cantinho pra sentar e esperar meu ônibus que não passava nunca... Parecia uma eternidade aquele tempo ali. Até que uma senhora de idade avançada sentou-se ao meu lado e logo me perguntou: “ Que ônibus é esse?” Eu estava tão cansada que mal queria abrir a boca, mas sem olhar para a senhora, eu respondi. E assim ela continuou perguntando... Fiquei mais incomoda, até que, com a cara torcida, virei o rosto para ver a idosa e lhe disse: “ Senhora, qual ônibus está esperando?” .Ela respondeu: “Nonoai” . Era o mesmo ônibus meu! Falei: “ Olha senhora nosso ônibus é o mesmo, assim que ele chegar lhe aviso!” E virei o rosto novamente, para ficar sozinha com meus pensamentos e meu estresse. Mas o bem amado cósmico queria me testar, e logo ouvi a senhora perguntando mais uma vez e a cada ônibus que passava ( e não foram poucos): “ Que ônibus é esse?” . Eu nem podia acreditar que ela continuava a me “chatear”, confesso que tive vontade de levantar e deixa-la ali sozinha para que outra pessoa ajudasse.
Foi então que minha alma Yoguini gritou dentro de mim! O que eu estava pensando e fazendo? Por mais que meu dia estivesse ruim, como eu poderia negar ajuda, ainda por cima a uma pessoa com mais experiência e sabedoria que eu, uma senhorinha de aparência humilde e sofrida, que provavelmente nem soubesse ler ou não conseguia ver o letreiro do ônibus e por isso estava com “medo” de perdê-lo. Então fui tomada por uma sensação de vergonha de mim mesma, quase com vontade de chorar, por deixar que certas “bobagens” não permitissem que eu reconhecesse ali naquela senhora o divino que habita em todos, não reconhecesse suas necessidade e que um dia minha mãe , eu , enfim, todos nós também teremos!
Com muita paciência e compaixão me coloquei no lugar da senhorinha, continuei lhe respondendo, mas agora com mais ternura e atenção. Olhei nos olhos dela, percebi a pessoa que estava ali me pedindo uma “simples” ajuda e que quase neguei. Percebi a situação, a minha atitude e o Ser tão especial que estava diante de mim ofertando uma oportunidade para eu evoluir e aprender em uma parada de ônibus.
Nosso transporte chegou, acompanhei a senhora até a porta dos idosos, e fui para minha porta, sentei no banco do ônibus renovada, sentindo-me leve, aliviada, e Feliz! Foi tão bom, reconhecer-me no outro, e não cair nas armadilhas do dia- a- dia, que nos envolvem por maya, ilusão, de que o “MEU EU” é mais importante que o SEU!
Algo tão simples me fez entender o que é prasada, receber tudo e todos como benção! E também, a importância da paciência e a essência da compaixão!
Aline Freitas.